sexta-feira, 22 de março de 2019

À conversa com o realizador Luís Filipe Rocha

No dia 1 de fevereiro, às 10:20h recebemos o realizador Luís Filipe Rocha para conversar com alunos de 12.º ano sobre o filme "A Outra Margem", previamente visualizado por todas as turmas envolvidas na atividade, que resultou de um trabalho colaborativo da BE/CRE com os professores de Português, Psicologia e Sociologia.


A conversa iniciou-se com  perguntas, por parte dos alunos, colocando estes a tónica sobre a personagem "Vasco", "jovem, portador da doença trissomia 21, absolutamente luminoso, com uma alegria contagiante, mas com um problema de dicção e  verbalização das palavras, pelo que os diálogos tiveram de ser cerzidos e adaptados à especificidade do Vasco. Este foi criando uma atmosfera massiva tal, que toda a gente ficou seduzida pela sua luz interior, rendendo-se inteiramente à sua humanidade. Normalmente, a âncora do realizador é o trabalho de atores, a fotografia e a música. Neste caso,  foi complicado, porque o ator se desconcentrava. Para o cineasta, abordar estes temas é uma forma de "iluminar e exibir a humana normalidade dos anormais, é confrontar os normais com a sua própria e íntima anormalidade, isto é, propor uma ponte de compreensão entre as duas margens".


O filme tem uma dedicatória a um amigo, Carlos Borges, já falecido. Tendo em conta que foi através da angústia que o realizador decidiu criar o filme, que nos remete para a questão "Como é que nós continuamos a viver quando desaparece a pessoa mais importante da nossa vida? Só há uma maneira: é reencontrando a alegria de viver." No filme, Vasco consegue levantar o moral do tio depressivo.
Em 5000 anos de história, a intolerância humana é a explicação para todo o mal, seja ela religiosa, nacional, rácica - ela é a origem de todas as guerras. Também no filme, e na vida em geral, a incapacidade para aceitar o outro é sempre muito difícil. Sempre que se exclui alguém, estamos a mandá-lo para "a outra margem", a marginalizá-lo. Mas, se nos questionarmos sobre nós próprios, sobre os nossos preconceitos, talvez consigamos ultrapassar as diferenças. 
A arte, como nos mostra o filme,  é a melhor companhia para uma viagem que todos temos de fazer. Embora não mude nada, pode ser, no entanto, uma mola para a mudança. No filme, é através da arte que o tio e o sobrinho encontram finalmente sentido para a vida.



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