(foto gentilmente cedida pelo Sr. Carlos Tiago) |
O
grupo deslocou-se a pé até aos Remédios, efetuando um percurso quase retilíneo,
passando por alguns bairros típicos da cidade. Acomodados nos bancos do
Revelim, os alunos prestaram atenção ao enquadramento do evento. O coordenador
do Programa Eco-Escolas justificou a inclusão da sessão no Plano Anual de
Atividades e recordou os dias comemorativos associados à vertente ambiental, a
saber: 20 de março – início da primavera, 21 de março – Dia Internacional das
Florestas e 22 de março – Dia Mundial da Água. De seguida, a professora
responsável pelo Projeto de Educação para a Saúde, Alice Carvalho, realçou a
importância deste tipo de atividades na promoção de estilos de vida saudáveis.
O enquadramento literário foi desenvolvido pela professora de Português das
duas turmas envolvidas no projeto, Helena Duarte. A professora Maria José
Gonçalves, responsável pela Biblioteca, contextualizou “Raul Brandão no
Revelim” no âmbito da Semana da Leitura, da Escola Secundária de Peniche,
intitulada "#LeiturasEmRede". Com a Galé e o campo de lapiás do Cabo
Carvoeiro como cenário, os alunos foram convidados a ler excertos do capítulo
“As Berlengas”, que remete para a estadia de Raul Brandão em Peniche, no ano de
1919. Refira-se que o livro “Os Pescadores” foi publicado pela primeira vez em
1923. Foram escutados trechos envolvendo a Serra D’El-Rei, Baleal, Peniche e o
arquipélago das Berlengas. Durante a sessão, houve também oportunidade para um apontamento
musical da responsabilidade dos discentes. O lanche foi no revelim,
aproveitando-se as condições primaveris para mais uns momentos de convívio. A
organização agradece ao professor Fernando Tavares a disponibilidade para nos
acompanhar nesta aventura.
Salientar
ainda o facto de na Biblioteca da Escola Secundária de Peniche se ter apresentado
uma pequena exposição com livros de Raul Brandão. Assim, foram reunidas várias
obras do escritor, nomeadamente algumas edições de “Os Pescadores”. “As Ilhas
Desconhecidas” e “Húmus” também estiveram em lugar de destaque. A este
propósito acrescente-se que em tempos existiu em Peniche uma livraria como o
nome de Húmus. Se na freguesia de Ferrel já existem várias referências ao
escritor, filho e neto de pescadores, parece faltar algo na cidade de Peniche.
Talvez um mural, uma peça escultórica ou mesmo o nome associado a estrutura
significativa. O realce que deu ao arquipélago das Berlengas, seria merecedor
de tal homenagem. Não esqueçamos que as Berlengas integram a Freguesia de
Peniche.
Termino
com o excerto que de alguma forma inspirou “Raul Brandão no Revelim”: “Daqui ao
cabo é meia légua através de muros, vinhas e casebres. Quero olhar para as Berlengas
de mais perto. Desde que as vi fiquei cismático… A Senhora dos Remédios é
escavada na rocha subterrânea, junto a fragas enormes que mal se sustentam de
pé e que os vagalhões assaltam formidavelmente.”
24 de março de
2019
Francisco Félix
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