Ao ponto mais elevado de uma escultura
chama-se criança (In
Exposição Pim, curadoria Mafalda Milhões)
No princípio, emergem
expectativas, já a pré-saborear os estímulos que, adivinhamos, estão prestes a
rebentar. Do lado direito a frase “Pés na terra, cabeça nos livros” embate
no nosso olhar e faz-nos sorrir em sinal de concordância. Sente-se já a aragem
fresca da manhã outoniça, o bulício ainda não despontou, e, entramos na terra
da fantasia, onde, desde logo, na porta de entrada da vila, com suas muralhas
medievais, um grandioso e elevado nicho azulejado nos abençoa. Galgamos as
primeiras escadas, e, entre cumprimentos e apertos de mãos (já que os beijos de
memórias não passam) sentimos no ar o aroma do café quentinho que já apetece. Com
as ofertas no ecológico saco do FOLIO, para o poço da sabedoria e
partilha nos encaminhamos. Mas como a “sociedade” não é secreta, apenas uma
ampla porta de entrada e zero obstáculos se vislumbram.
Voltando ao poço da sabedoria, inspirando-nos em Paulo Freire, que na sua obra, A importância do ato de ler, destaca a construção de um mundo mais humanamente humano, a leitura do mundo, a educação a pensar certo: aprendizagem surge da e na troca da educação. A sua essência era maker, tinha ideias que inspiraram muitas pessoas, foi provocador da mudança de comportamentos, defendia a conexão entre pessoas com a sociedade, o empoderamento - acreditar que é possível fazer. Paulo Freire era híbrido, no sentido que defendia mais experimentação, mais projetos interdisciplinares, promovendo a disrupção. O futuro da escola é a cidade, isto é, redesenhar o mundo a partir da escola (que é também a cidade com seus problemas). Portanto, o que mudou foi o modelo: o mundo tentando ser vídeo e menos livro. É necessário um espírito transgressivo para a mudança. A escola tem de deixar de ser a loja dos doces, temos de tornar-nos a cozinha: colaborando, explorando, e realizando experiências. O professor tem de estar presente, ser um guia, participando ativamente num espaço de criação.
E voltamos à galeria, já no terraço, avistam-se os velhos telhados e comtempla-se coloridas buganvílias que ainda não treparam até ao topo, porque estas, tal como as relações, às vezes têm espinhos. Mas é através da inovação e da arte que nós nos humanizamos, parafraseando Vergílio Ferreira, nós não somos um parafuso que só serve para ser útil. A inovação só surge quando nos desprendemos dos problemas da realidade, sendo necessária criatividade, e, muitas vezes, é o adulto que a destrói nas crianças. Vamos promover a mudança e a criatividade!
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