terça-feira, 30 de novembro de 2021

Fernando Pessoa



 Fernando Pessoa morreu no dia 30 de novembro de 1935, em Lisboa, com 47 anos de idade.

‘Iniciação’
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
......
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
......
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.
......
Neófito, não há morte.
- Fernando Pessoa, in ‘Poesias’
Nascido a 13 de junho de 1888, no Largo de São Carlos, em Lisboa, é autor de uma obra imensa, a maior parte inédita à data da sua morte. A totalidade da sua obra é constituída por mais de 25 mil folhas – que incluem poesia, contos, peças de teatro, crítica literária, textos políticos e filosóficos, traduções, teoria linguística, cartas astrológicas e outros textos diversos, em português, inglês e francês - um espólio atualmente à guarda da Biblioteca Nacional de Portugal. O Arquivo Pessoa é uma base de dados online e de acesso livre que inclui a maior parte da obra pessoana: http://arquivopessoa.net/.

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