terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Escritor do Mês de dezembro


 O texto vencedor do concurso do "Escritor do Mês":

Quase Pior que a convicção do não e que a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que incomoda, que entristece, que mata por dentro ao trazer tudo o que podia ter sido feito e não foi. Quem quase ganhou ainda tenta, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo (quem quase amou não amou). Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos e nas que se perderam por medo, nas ideias que nunca sairão do papel. Perguntam-se o porquê de escolher uma vida morna, ou melhor, não pergunte, contesta! A resposta está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na solidão dos abraços, na indiferença do "Bom dia"... Falta força e coragem até para estar bem e ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece mas o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar nunca teria ondas, os dias seriam cinzentos e nada teria cor. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que se encontra em cada um de nós. 
Não é que a fé mova montanhas, nem que o céu esteja ao nosso alcance, para as coisas que não podem ser mudadas. Resta somente paciência para as aceitar e viver (conjuntamente) com elas, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, oportunidades; para os amores impossíveis, tempo. Não deixes que a saudade sufoque, que a rotina se acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfia do destino e acredita sempre em ti. Gasta mais horas a fazer acontecer do que a lamentar te, a viver do que esperar pelo que vem, embora quem quase morreu esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Kai

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