terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Escritor do Mês

 


Parabéns ao VENCEDOR do mês de Dezembro!

Cartas de amor...


Já dizia Fernando Pessoa que «Todas as cartas de amor são ridículas», e esta não será

diferente. Porém, ao passo que cartas foram feitas para serem lidas, esta foi feita para ser

esquecida! Por norma, cartas servem como correspondência entre duas pessoas que se

encontram distantes, mas como posso eu escrever-te uma carta tendo-te tão perto e mesmo

assim tão longe? Foste o meu primeiro amor, e acredito que o único que alguma vez terei,

julgava-te esquecido e perdido naquilo a que chamo memórias, mas aqui estamos nós quase

cinco anos depois. As nossas conversas recorrentes voltaram e enquanto uma voz na minha

cabeça grita para parar, todas as células do meu corpo me levam até ti. Não consigo mentir e

dizer que este sentimento foi algo bom para mim no passado, sempre achei que a sensação de

me apaixonar seria mágica a feliz, mas não! Tu preferiste mostrar-me tudo o que o amor não é

suposto ser, e aqui estou eu cinco anos mais velha a escrever outra carta ridícula, outra que

nunca lerás, mas acima de tudo aqui estou sentada neste quarto escuro iluminado pelo ecrã

deste computador a perguntar-me:

-Porquê eu?


ÁLVARO CAMPOS

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