“Tombou sem avisar”
Quando a Marcelina me disse que deveria fazer uma reportagem sobre a árvore caída, pensei na palmeira junto à Igreja da Ajuda. Não, tinha sido a árvore junto à entrada principal e que acompanhou as sucessivas direções deste estabelecimento de ensino. Deixou-nos num dia calmo, suportou tantas intempéries e partiu sem avisar. Apesar de apresentar debilidades, parecia reunir ainda algum vigor. Milhares de alunos passaram por ali, tantos segredos por desvendar. As bandeiras que atestam a participação em diversos projetos ficaram sem companhia.
Dos janelões da antiga biblioteca, agora sala de professores, quando as reuniões ficavam mais complicadas, gostava da tranquilidade oferecida pelos ramos da velha árvore. Entretanto, o colega Matos, com toda a calma, mostrava que não havia razão para tanta discordância e consertava posições.
A nossa amiga árvore também teve de suportar infindáveis, mas inofensivas discussões, sobre futebol. Terá também ouvido referências didático-pedagógicas que parecendo inovadoras, nada tinham de novo. Para já não falar de medidas provenientes dos ministérios da educação que de alguma forma têm dificultado, progressivamente, o trabalho empenhado dos professores. A acumulação de tarefas, muitas das quais sem grande utilidade, reduz o tempo destino à criação das melhores condições de ensino-aprendizagem.
Sim, ficamos mais pobres sem a tua presença. O colorido das tuas folhas enchia-nos de alegria.
Pode ser que as palmeiras que não resistiram ao escaravelho-vermelho e a emblemática árvore sejam rapidamente substituídas.
Escola Secundária de Peniche, 1 de novembro de 2020.
Prof. Francisco Félix
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